Intestino, Bactérias e Emoções

Uma publicação no Instagram do meu amigo Dr. Afonso Salgado (Brasil), chamou-me a atenção para algo mais profundo da nossa sociedade e relações emocionais. Baseado numa publicação científica, descreve a relação entre a flora intestinal (saúde intestinal) e o estado emocional do casal.

Neste estudo publicado os investigadores expunham que a hostilidade se relacionava com maior propagação de proteobactérias e maior permeabilidade intestinal. Como resposta, o segundo cérebro, via nervo vago, afetava o estado emocional do "primeiro" cérebro aumentando a depressão e não permitindo que se cortasse o ciclo vicioso de explosões de mau humor.

O stress causa estragos na flora bacteriana que vive no tubo digestivo. Estudos mais antigos realizados em cosmonautas soviéticos mostraram que o stress agudo causa alterações temporárias mas que o stress crónico pode deixar alterações permanentes na flora intestinal.

As estatísticas também mostram que as mulheres tendem a ter mais problemas de intestino. Não é de estranhar pois num mundo machista são obrigadas a aguentar muita coisa insuportável além de serem sobrecarregadas de funções, como se fossem animais de carga. Então o corpo fala por elas, muitas vezes com prisão de ventre severa e em casos mais graves desenvolvendo intestino irritável ou colites.

Claro que a alimentação é muito importante, mas a causa nunca é única e quando não se está feliz é mais fácil ter uma alimentação que nos faça mal pois o cérebro irá procurar compensações externas, por exemplo refugiando-se no açúcar o qual tem efeito endorfínico (anti-dor).

O que fazer?

Se não podemos resolver ou sair da situação emocionalmente destrutiva, é importante ter os cuidados alimentares que conseguir. Uma dieta livre de leite, queijo, farinhas brancas, evitar verduras que provoquem mais gás e aumentar a ingestão de alimentos que dão calma ao intestino permitirá interferir na regulação da flora intestinal e controlar o sistema psiconeuroimunológico intestinal. Peixe, carnes brancas biológicas, cordeiro, cenouras, abóbora, batata-doce, funcho, gengibre e camomila são alguns alimentos que costumam ter este papel regulador.

Por outro lado, a prática da meditação ou mindfulness, caminhadas ou natação, e sessões de microfisioterapia e/ou sacrocraneal ajudam a manter os efeitos nefastos do hiperstress sob controlo.

Se já é passado e ainda sofre fisicamente é possível que precise de uma ajuda para recuperar o intestino e/ou libertar-se do "ficheiro mental". Consulte um especialista em psiconeuroimunologia ou microfisioterapia, que saiba usar estratégias alimentares/ortomoleculares ou trabalhe com algum profissional que o saiba o fazer.

Fontes Stress and intestinal microflora. Nahrung 1987;31:443-447. Marital distress, depression, and a leaky gut: Translocation of bacterial endotoxin as a pathway to inflammation. Psychoneuroendocrinology. 2018 Dec;98:52-60.

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