Morangos desidratados podem ajudar a prevenir o cancro do esófago
O consumo de morangos desidratados diminuiu as lesões pré-cancerosas em 80% das pessoas ao fim de seis meses do estudo.
Não faltam estudos a apresentar o crudivorismo como uma forma eficaz de evitar o aparecimento de determinadas doenças. Segundo uma investigação coordenada por Tong Chen, da Universidade do Estado do Ohio, os morangos desidratados poderiam ser uma alternativa (ou um complemento) aos fármacos para proteger as pessoas em risco de sofrer de cancro do esófago, pois reduzem as lesões pré-tumorais. Outro estudo, desenvolvido por cientistas da Universidade do Missouri em Columbia, conclui que a apigenina, um flavonoide presente em plantas e hortaliças como a salsa, os nabos ou o aipo, possui importantes propriedades preventivas relativamente a alguns tipos de cancro da mama. De igual modo, comer uma maçã por dia reduz o colesterol LDL em 23 por cento e diminui o peso nas mulheres pós-menopáusicas.
Edmund Semler, nutricionista especializado em alimentação vegetariana crudívora e diretor científico da Academia Dietética alemã, analisou durante oito anos a literatura médica do último século sobre a utilização medicinal do crudivorismo e chegou à conclusão de que pode curar ou melhorar muitos problemas de saúde caraterísticos das sociedades ocidentais, como as doenças cardiovasculares e reumáticas, a diabetes e a enxaqueca.
Segundo Semler, há duas etapas fundamentais nesta corrente: uma entre 1920 e 1930 e outra dos anos 80 até aos nossos dias, “com a grande diferença de que, nos anos 20, a maior parte dos que se interessavam pelo crudivorismo fazia-o por razões de saúde e não por convicção, ao contrário do que se verifica hoje em dia”, afirma. E acrescenta: “Na altura, houve um pequeno boom do crudivorismo na Alemanha, graças, em parte, ao facto de a medicina ser mais aberta, e também por a experiência do clínico pesar mais do que atualmente.”
Semler, tal como o seu colega Paul Habison, outro nutricionista, discorda dos que defendem que a única via para tratar é a farmacológica. De facto, classificam de “extraordinários” os resultados obtidos pelos primeiros médicos que aplicaram o regime crudívoro na prática clínica. O problema, segundo os dois especialistas, é que se trata de um regime alimentar que caiu no esquecimento: “Investigadores e médicos, influenciados pelo crescimento da indústria farmacêutica, ignoraram a literatura científica sobre o tema. Não é uma panaceia, mas um verdadeiro tratamento com potencial.”
Há mais de 40 anos, o músico francês Guy-Claude Burger decidiu mudar de hábitos alimentares depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro em fase terminal. Embora não se tenha provado que aquilo que comia fosse a causa da evolução favorável, o certo é que o tumor maligno desapareceu. Desde então, divulga o que se tornou conhecido por “alimentação instintiva” ou anopsologia, baseada na ideia de que o homem está geneticamente adaptado ao meio natural que o rodeia e à dieta primordial, e que a modificação dos alimentos, ao serem processados, conduz à acumulação de toxinas no organismo, o que provoca doenças e abrevia a vida.